Especial

O Jarrinho de Flores
&
O Gato Português
Seguindo no vácuo do caso do “assédio moral” conto aqui o que ocorreu quando a entrada da agência do BANESPA foi liberada, depois que o protesto acabou. Peguei minha senha e fiquei esperando pela minha vez de ser atendido, foi então que uma senhora, de uns 60 e poucos, extremamente simpática, sentou ao meu lado. Ela me falou sobre o quanto admirava quem era capaz de protestar daquela forma, sobre quem buscava realmente seus direitos e levantava a voz. Reclamou de si própria, com um ar muito divertido, dizendo que seus protestos a vida inteira foram tão calados, eram aquela coisa passiva e de voz fraquinha. Enfim não eram protestos, eram só pedidos.
- A minha filha, não. Ana Cláudia sempre foi uma menina decidida, desde pequena. Não tinha quem escapasse dela porque ela brigava mesmo e reclamava sem medo.
- Humrum, respondi atento.
- Ela acabou se casando com um português que ela conheceu aqui em Fortaleza. Eles dois moram lá em Lisboa agora.
- Sei...
- Agente se fala todo dia.
- Ram
- Mas todo santo dia mesmo, disse aquela senhora de velhice agradável. Agente usa o Skype, eu tenho lá em casa e ela tem no apartamento dela.
- Olha só, a senhora é moderna então?
- Meu filho, eu ainda tenho medo, eu na verdade só sei ligar o computador e o Skype pra falar com a Ana Cláudia, não sei fazer mais nada.
- Entendo.
- Outro dia ela tava me contando que tinha um gato que todo santo dia ia à janela do apartamento e fazia cocô no jarrinho de flores. Todo santo dia este bendito gato ia lá ao jarrinho.
- Que gato danado, hein?
- E o marido dela já com raiva deste gato. Diz que ele chamava o tal do gato era de “Este gajo”, porque lá eles têm a mania de chamar os outros de gajo. Ai sabe o quê foi que ele fez?
- Não
- Ele fez um cercadinho de madeira e botou em volta do jarro. Quando o gato chegou lá que não conseguiu subir no jarro ficou louco. Diz que ele miava feito doido na janela e eles morrendo de rir do coitado. Ele não fazia cocô em lugar nenhum, Só no jarrinho dela.
Fiquei rindo com aquela senhora dessa inusitada situação. Tanto lugar pra este bendito gato vira-lata lusitano fazer suas necessidades e o infeliz só fazia no mesmo lugar: o jarrinho de flores.

4 comentários:

Sessyllya ayllysseS disse...

Ahahahahahahah!!!

Pobre do gato!!! Vai ficar literalmente enfezado até achar outro lugar pra expurgar...

Texto legal, bem gostoso, envolvente e engraçado!!!

Pietro disse...

É foda véi

Ciro disse...

Esse gato é PORTUGUÊS meeeeesmo!!!! Hahahahhahahahahah!! Olha Jorge, se essa história não é real, ficou muito bem bolada! E o texto está mesmo muito bom de ser ler!
Grande abraço!

Carlos Filho disse...

Concordo com o Gajo de cima!
Muito bom de se ler...
Santa historia de Banco, Batman!