Pega o tarado!
Em um dia como tantos outro em que pego ônibus, lotado, diga-se de passagem, entrei num Parangaba/Náutico. Esta linha é admiravelmente peculiar, por que diferente da linha Conjunto Ceará/Papicu, tem muita gente cheirosa, com algumas poucas exceções é claro. Mas por se tratar de um ônibus que leva um povo que em sua maioria trabalha em escritórios, lojas chiques e cabeleireiros situados lá pras bandas da Aldeota, lhe proporciona uma viagem um pouco mais confortável. É gente de melhor aparência, que se cuida um pouco mais, usa roupa passadinha e perfume da boticário. No Conjunto Ceará/Papicu, putz! É Flórida! Vai gente de todo tipo. E não é preconceito não que eu também sou pobre. Mas acontece uma mistura tão grotesca ali que bota pra ferrar com qualquer um, falo por experiência própria. Tem gente brigando lá dentro, tem menino chorando, mulher vomitando, uma zona. Sem contar os pinadores profissionais, que todos os dias estão lá cassando suas vítimas, muitas vezes já cativas, sempre a mesma. Eu mesmo, meu deus! Como já dizia papai, já fiz isso! Tento parar porque em qualquer dia desses vai dar merda.
Lembro-me do que o meu irmão me contou sobre algo ocorrido dentro do Conjunto Ceará/Papicu, saindo do terminal lagoa. Trata-se de um acontecido lá por volta do ano de 2005. No dia em que um camaradinha esperto, aproveitando-se da lotação, prestem atenção meninas, chegou detrás de uma mulher e tentou enconchar a coitada. Pensou que ia curtir a viagem, ficar no bem-bom, só roçando na miserável. Entretanto, eis que pufu! Se deu mal. A mulher muito braba começou a gritar: olha o tarado! Olha o tarado! O canalha tentou fugir, mas já era tarde demais, a senhora começou a bater no infeliz, numa cena hilária e ao mesmo tempo aterradora que mudou a manhã daqueles passageiros. Segundo o meu irmão, a mulher dava de murro na cara do sujeito, que só dizia: essa mulher ta é doida. Mentira! Disse a senhora. Revoltada a mulher começou a gritar dentro do ônibus, dizendo que o homem tava com o pinto pra fora e encostando o troço nela. Azar mesmo foi porque ela agarrou no bagulho do gaiato e não soltou mais: T'aqui! T'aqui! Ela gritava, enquanto batia na cara do elemento. Por sorte o pinador, nada profissional, escapou da agressora e empreendeu fuga pelo meio do ônibus lotado. A putaria foi ainda maior porque a galera dentro do ônibus não perdoou o safado e lhe deu um baita salga. Toma infeliz! Os passageiros, principalmente os homens iniciaram uma coletiva seção de pedala Robinho, na época em alta, na careca do meliante, que astuto aproveitou a porta dianteira aberta e correu pra dentro de um condomínio próximo do terminal Parangaba, em frente a um posto de gasolina, na rua que dá acesso ao Montese. Fugiu, sob os olhares acusadores dos passageiros que gritavam: pega o tarado! E tal tarado desapareceu por entre os prédios.
Continuando a viagem, a população do ônibus iniciou aquele burburinho. Um zum-zum-zum que não acabava mais. Disseram que o cara já vinha se aproveitando de outras mulheres desde a saída do ônibus de dentro do Terminal do Conjunto Ceará. Mas as coitadas, temerosas certamente, emudeceram. Por isso que eu lhes digo meninas: se acharem o cara bonitinho, deixa o rapaz curtir a viagem, pois a vida já tem muitas dificuldades. Agora se o sujeito for feio pra caracas feito esse babau aí, já sabem: é só gritar e bater nele que a galera te ajuda, te ajuda mesmo. Se eu tiver lá, bato nele também. Ah, tem mais uma coisa, se o cara não for tão bonito, mais também não for nenhuma catrevagem, basta dizer educadamente pro rapaz se afastar um pouco, que eu lhe garanto que ele afasta. Vai até ficar envergonhado, porém vai acabar tudo em paz. É isso ai.
Um comentário:
Oi
Posso dizer que o que vc falou é verdade, eu tbm ja andei nessa linha e até ja aconteceu isso comigo. Mas eu que nem sou boba nem nada acabei dando uma boa pisada no pé do tarado.
Meninas não tenham vergonha de falar , reclamar e abrir o barraco.
Adorei o depoimento e gostei muito do bloggg
beijos e te adoro!!!!
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